Orientador: João Masao Kamita
Dissertação: Museu Nacional: memória e o patrimônio cultural pós-trauma
Data da defesa: 27/05/2019
Resumo
Esta dissertação analisa os efeitos decorrentes da construção de Brasília, enquanto
materialização da utopia moderna em pleno hemisfério sul, mais precisamente, no Brasil.
Investigamos de que maneira a utopia moderna é produto não apenas da racionalidade e
do desenvolvimento técnico, mas também de impulsos da ordem da vontade e da fé, algo
que a introduz a matizes religiosos. Nesse sentido, Brasília torna-se um caso
paradigmático de estudo, pois é o resultado de uma convergência entre os ideais da
arquitetura moderna e uma genealogia mítica que previa a construção de uma capital no
Planalto Central como meio de desencadear o florescimento de uma grande civilização
num paraíso de abundância, um paraíso que posteriormente se mostraria perdido, a
desencadear melancolia e desilusão. A partir desse ângulo, analisamos leituras não
convencionais do evento extraídas dos clássicos da literatura brasileira, assim como
mobilizamos um referencial teórico de matriz alegórica, derivado do pensamento do
filósofo alemão Walter Benjamin, a fim de construir uma interpretação não convencional
de Brasília, para além dos limites da historiografia tradicional e sua lógica linear.