Orientadora: Ana Luiza Nobre
Dissertação: Do milagre à maldição: Sergio Bernardes e Brasília (1968-74)
Data da defesa: 30/05/2016
Resumo
A produção do arquiteto carioca Sergio Bernardes (1919/2002) é tão vasta
quanto desconhecida. Assertivo e questionador, desde o início da carreira mostrou-se
avesso à formatações conceituais, estilísticas ou projetuais. Graduado em 1948 pela
Universidade do Brasil, atuou até os anos 1990 no campo alargado do projeto com
significativa mudança da escala projetual nos anos 1960/70. Experimentando o aço
como partido estrutural da arquitetura, aventurou-se pelo universo das geometrias não
euclidianas, pendurou pavilhões como ponte e residenciais como teleférico; testou
materiais leves na construção; impulsionou a produção industrial desenvolvendo
elementos para fabricação em série. Num caminho ambicioso entre associações
multidisciplinares do conhecimento, pesquisa laboratorial e investigação experimental no
canteiro, perseguiu uma espécie de idealismo sistêmico, fundamentado num virtuosismo
tecnologico. De arquiteto a “inventor social”, Bernardes reafirmou a crença no
sujeito moderno, no poder da razão, na potência do projeto e numa ação
preventiva do futuro. No contexto arquitetônico brasileiro dos anos 1960/70,
apostou alto na renovação de sua arquitetura, aproveitando-se da “proximidade”
com o poder militar, principalmente, durante o período de pujança econômica
(alta concentração de rendas) e desenvolvimento progressista do país sob a
Ditadura, o assim chamado período do “milagre brasileiro” (1968/73). Momento
em que o arquiteto assume protagonismo na construção da então recém-
inaugurada capital federal – Brasília. Esta pesquisa analisa quatro projetos
emblemáticos de Sergio Bernardes para Brasília – a sede do Instituto Brasileiro do
Café – IBC (1968/71); o edificio do Ministério da Marinha – MM (1970/73); a
Escola Superior de Guerra (1970/74) e o Monumento ao Pavilhão Nacional
(1972) -, todos destinados ao governo militar e realizados no período do
“milagre”, buscando entender em que medida eles significaram uma possibilidade
sem precedentes para sua arquitetura e, ao mesmo tempo, abriram o caminho da
“maldição” que assombra sua obra desde então.