Orientadora: Rachel Coutinho Marques da Silva
Dissertação: Bens comuns e museus comunitarios: O caso do Museu Sankofa na Favela da Rocinha, Rio de Janeiro
Data da defesa: 30/08/2021
Resumo
A pesquisa se situa no recorte temporal após o Programa de Aceleração do
Crescimento/Urbanização de Assentamentos Precários (PAC-UAP), programa
federal de políticas de urbanização de favelas iniciado em 2007, cujo legado para
a Favela da Rocinha dará forma a uma economia comum das relações sociais no
que tange a maior participação comunitária e redes de assistencialismo mútuo.
Como desdobramento desse episódio, surge o objeto do presente estudo, o Museu
Sankofa Memória e História da Rocinha, museu comunitário fundado em 2011,
como fruto do programa Pontos de Memória, contemplado em 2009. A narrativa
sofre então uma radical alteração do paradigma da representação cultural, que
insurge por meio da expressão local dessas comunidades, através de seus passado
histórico e memória vivos, os quais constituem uma renovação de estatuto do
patrimônio cultural imaterial carioca que, por sua vez, enseja um fortalecimento
nos movimentos sociais em multidão. Frente às constantes formas de opressão, ao
representar ditos territórios periféricos reprimidos pela força neoliberal, as favelas
metropolitanas insurgem de forma musealizada a partir de 2006, de acordo com os
preceitos da nova museologia, constituindo uma rede museológica comunitária
tanto fisica quanto virtual. Por conseguinte, se desenvolve um mecanismo à
revelia do modus operandi do mercado por uma rede autogovernada construída
pelo esforço coletivo, que será inaugural para novas formas de resistência à
apropriação do bem comum, por meio de instituições como ONGs e demais
movimentos locais. Por fim, é objetivo do estudo analisar a comunalidade, ou
seja, a (re)produção do bem comum em contextos marginalizados, acessado pela
chave patrimonial como campo de disputa e negociação, de modo a emancipar
seus sujeitos e subjetividades.