Este projeto de pesquisa surge com a intenção de dar continuidade, dentro do Programa de Pos-graduação do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio, à pesquisa iniciada no Laboratório de Urbanismo e Meio Ambiente (LAURBAM), PROURB, FAU, UFRJ. A pesquisa é um desdobramento das atividades desenvolvidas como parte das atividades de Professor Visitante entre os anos 2013 e 2015. Desta forma, a proposta de pesquisa permitirá atualizar e continuar com o trabalho já iniciado, contribuindo também nas redes de colaboração entre ambos os programas de pós-graduação.
A pesquisa tem como objetivo observar os espaços residuais que surgiram no Complexo do Alemão, zona norte da cidade do Rio de Janeiro, em decorrência da instalação do Teleférico em 2011. O principal objeto de estudo são os espaços gerados pela presença dos 25 pilares necessários para a sustentação da linha de cabos deste sistema de mobilidade urbana. A conectividade da área urbana e melhores condições de segurança foram os principais argumentos para a implantação do teleférico. Esses pontos se tornaram prioridade a partir do momento em que começou a se pensar na candidatura do Rio de Janeiro como cidade sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016, fazendo do projeto um símbolo de desenvolvimento do município. A pesquisa coloca em foco o que ocorre no solo, abaixo dos fios que perpassam 3,5 quilômetros deste conjunto de favelas, buscando visibilizar estes espaços e problematizar a presença deles, principalmente tentando compreender os impactos para o cotidiano da favela e seus moradores que veem ao seu redor um número considerável destas áreas livres sem função aparente. Sem pensar nas consequências da implantação deste projeto, estes locais passam de áreas de grande potencialidade para subutilizadas seja devido à falta de investimento, planejamento, manutenção ou conflitos de segurança.
A pesquisa durante os anos 2014 e 2019 observou, registrou e sistematizou as informações levantadas em cada um dos 25 espaços residuais através de fichas.
Com base nas observações desenvolvidas nas etapas anteriores, é possível identificar que a maior parte dos efeitos de apropriação dos espaços residuais e conflitos de segurança relacionados aos espaços residuais dos pilares do teleférico, acontecem entre os pilares 20 e 25, entre as estações Itararé e Palmeiras, área com uma maior densidade e onde a localização dos pilares interfere com maior intensidade no cotidiano. A pesquisa focará as atividades neste trecho do percurso do teleférico.