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07.04.20
Archiprix Netherlands premia arquiteto formado pelo DAU

Intitulado "Bordas Permeáveis — abordando conflitos multidimensionais entre comunidades polarizadas no Rio de Janeiro'', o projeto de mestrado de Felipe Chaves Gonzalez, formado do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da PUC-Rio, foi um dos ganhadores da 40ª edição da Archiprix Netherlands. O projeto foi orientado por Luiz M. De Carvalho Filho e Birgit Hausleitner, da universidade de técnica de Delft (TU-Delft), nos Países Baixos.

“Agradeço aos professores do DAU, Vera Hazan e Pedro Évora, que tiveram uma breve participação nas entrevistas realizadas durante o projeto.


O Rio de Janeiro é uma 'Cidade Partida' (Ventura, 1994): a rápida urbanização, concentração de riqueza, desenvolvimento orientado para o mercado, negligência governamental e segregação socioespacial têm fomentado as discrepâncias sociais na cidade.

Esses processos têm produzido bordas multidimensionais - ideológicas, espaciais, econômicas, ecológicas e institucionais - que definem a fragmentação no Rio de Janeiro.

Como estudo de caso do projeto, a Área de Planejamento 4 é ilustrativa da divisão construída na cidade. De um lado, na Barra da Tijuca, condomínios fechados e bairros elitistas foram construídos em áreas privilegiadas ao longo da praia e de um corredor de serviços. Por outro lado, na região de Jacarepaguá, diversos bairros, projetos de habitação social e comunidades auto-organizadas foram empurrados para zonas menos valorizadas e locais vulneráveis, com pouco acesso à infraestruturas essenciais e ao litoral.

O projeto se inicia no ato de reconhecimento das bordas que fragmentam a cidade e suas consequências - que afetam principalmente os grupos que foram negligenciados ou segregados ao longo do desenvolvimento do território. Localizadas em contextos com condições vulneráveis, essas comunidades frequentemente sofrem com falta de infraestrutura básica, baixa qualidade da moradia, insegurança habitacional e exposição à riscos ecológicos. Essa fragmentação gera um gradiente de permeabilidade no território, definido por graus variáveis, operando através de três condições espaciais distintas: fragmentos, bordas e zonas intermediárias.

A pesquisa visa promover um modelo de desenvolvimento alternativo para a cidade: um que possa aumentar a capacidade adaptativa e melhorar a integração de comunidades em condições vulneráveis ​​com a região, iniciando um processo que possa empoderá-las, aumentar sua capacidade ecológica e apoiar seu autodesenvolvimento. Como abordagem estratégica para orientar esse processo, a coprodução de espaços foi definida como um meio de criar locais de potencialidade, de forma à ativar os fragmentos, permear as fronteiras e conectar as zonas intermediárias. 

O projeto é definido por quatro macro estratégias subdivididas em ações suplementares: empoderamento social, capacitação ecológica, espaços públicos e habitação. Cada ação é estrategicamente posicionada no ambiente construído de forma a abordar alguma carência ou condição de vulnerabilidade, reforçando estruturas e instituições locais.

Concebida como um projeto aberto, a proposta não é fixa nem pretende fornecer uma solução definitiva. Ao invés, o projeto é promove um processo flexível, exibindo uma paleta de ações e locais estratégicos que exploram oportunidades espaciais, funcionais e institucionais. As ações podem ser implementadas e gerenciadas por meio de várias iterações institucionais - auto-organização e / ou colaboração entre sociedade civil e os setores público e privado. Esta flexibilidade do projeto aumenta a resiliência das ações para suportar incertezas temporais: ecológicas, políticas ou socioeconômicas. O objetivo é iniciar um diálogo na cidade, onde o desenvolvimento pode ser moldado pelos habitantes, comunidades e organizações locais, conciliando estratégias ‘de cima pra baixo’ e ‘de baixo pra cima’.



Referências: Ventura, Z. (1994). Cidade Partida. Rio de Janeiro. Companhia das Letras."

Parabéns ao Felipe, estamos orgulhosos da sua conquista!

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